domingo, 29 de março de 2015

Vale a pena pensar nisto .....

A beleza um dia acaba, o dinheiro não compra o amor sincero, nem garante que pessoas verdadeiras e dedicadas vão estar ao seu lado quando você mais precisar.
Cuidado para não afastar de você, a pessoa que estaria sempre ao seu lado, cuidando com amor e dedicação. Com único interesse " Estar em sua companhia" até o fim.




(tirado da internet)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Por baixo do VESTIDO VERMELHO

 Copiei Aqui

Beth postou estas fotos no Facebook e perdeu 103 amigos

































(Por baixo do VESTIDO VERMELHO, de Beth Whaanga)
Quero que você faça uma coisa. Quero que olhe uma foto. E depois me diga o que está vendo.
Antes de continuar, vai uma dica: a foto é de uma mulher nua. Isso mesmo, nua. Ainda está disposto a olhar?
Vou lhe dizer outra coisa sobre a mulher nua que você está prestes a ver: ela é uma guerreira do câncer de mama. O corpo que você está prestes a olhar carrega todo um bordado de cicatrizes. É que há toda uma história a ser contada por baixo desse vestido vermelho.
Esta semana a australiana Beth Whaanga, mãe de quatro filhos, respirou fundo e cometeu uma ousadia. Ou melhor, mais que uma ousadia. Dizer que é uma ousadia não faz justiça ao seu ato. O que Beth fez foi se deixar ficar completamente vulnerável. O que ela fez foi de uma bravura, generosidade e coragem extraordinárias, e se eu tivesse um tesauro à mão, inseriria outras mil palavras descritivas.
Beth tirou a roupa e se deixou clicar pela fotógrafa Nadia Mascot, sua amiga de longa data, para um projeto que elas batizaram de Under The Red Dress (Por Baixo do Vestido Vermelho). Num esforço para informar as mulheres sobre o câncer de mama. Num esforço para iniciar uma discussão sobre como as cirurgias contra cânceres transformam o corpo das pessoas e como elas se sentem em relação a elas mesmas. Num esforço para dizer àquela mulher que você encontra no portão da escola, aquela colega de trabalho no departamento ao lado, que é inteiramente possível que seu corpo tenha essa aparência. É inteiramente possível que seu corpo conte uma história que não se reflete em sua aparência externa.
Qual é a história de Beth? Ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama no ano passado, no dia em que completou 32 anos. Mais tarde, foi informada que é portadora do gene BRCA2. Assim, em novembro ela se submeteu a uma mastectomia dupla e uma histerectomia total. E agora seu corpo conta a história...
2014-02-13-BethRedDress2.jpg
(Queda de cabelos ainda em curso / Reconstrução da mama com retalho TRAM / Mastectomia bilateral total / Drenos Bellovac / Reconstrução do umbigo / Reconstrução do retalho TRAM bilateral / Histerectomia total / Perda de peso acelerada)
Veja o que Beth escreveu no Facebook quando postou as imagens para seus amigos verem:
"AVISO: Estas imagens são chocantes e contêm material de topless. A intenção não é que sejam sexuais de nenhuma maneira. O objetivo deste projeto é conscientizar as pessoas do câncer de mama. Se você achar estas imagens ofensivas, por favor as esconda de seu feed.




Todos os dias passamos por pessoas na rua. Essas pessoas parecem normais, mas às vezes, embaixo de suas roupas, seus corpos contam uma história diferente. Nadia Mascot e eu queremos encontrar outras pessoas que se disponham a participar de nosso projeto, para podermos mostrar a outros que o câncer afeta todo o mundo. Velhas ou jovens, a idade não importa: é crucial fazer auto-exame. Isso pode acontecer com você."
E o que Nadia escreveu:
"Em meu trabalho como fotógrafa, senti o desejo de compartilhar imagens que tivessem mais significado e finalidade. Esse desejo nasceu de uma batalha de saúde que eu própria enfrentei. Quero poder ajudar as pessoas através dos meus talentos. A jornada de Beth, passando pelo diagnóstico e a cirurgia, me comoveu, e eu achei que tinha algo a dizer. Quando fizemos as fotos, tive a inspiração de que a coisa não deveria ficar apenas nisso. Todos os dias passamos por pessoas na rua e enxergamos apenas a fachada delas. Aquilo que elas se sentem à vontade em mostrar ao mundo muitas vezes conta uma história que difere das batalhas particulares delas. Under the Red Dress é um projeto que procura relatar essas histórias silenciosas que as pessoas estão querendo contar, enquanto pessoas estão querendo ouvir. Todo o mundo gosta de ser lembrado de que a pessoa ao lado é apenas humana, como ela própria é."
2014-02-13-BethRedDress6.jpg
Estou olhando estas fotos há uma hora. Fotos de um corpo que passou por uma mastectomia bilateral total. Uma reconstrução de mama. Uma reconstrução de umbigo. Uma histerectomia total. A devastação que a perda de peso rápida provocou em sua pele. A queda de cabelo, que ainda continua.
Estou olhando para isso, mas não é isso o que estou vendo.
O que eu vejo em cada uma dessas imagens é uma mulher que é forte. Valente. Cheia de garra. Uma lutadora. Vejo uma mãe. Uma cunhada. Uma esposa. Uma filha. Uma melhor amiga. Vejo uma mulher que é bela não apesar de suas cicatrizes, mas por causa delas. Uma mulher que está disposta a mergulhar em sua própria vulnerabilidade, num esforço para ajudar outras mulheres. Para lembrar às outras mulheres que precisam fazer auto-exames, ter consciência da questão do câncer de mama, para ajudar a iniciar um debate sobre o caráter insidioso do câncer de mama.
É isso o que vejo quando olho para essas fotos de Beth Whaanga nua. Mas nem todo o mundo enxerga isso. Alguns dos amigos de Beth não enxergaram isso.
Na realidade, quando Beth postou essas imagens no Facebook, 103 de seus amigos DESFIZERAM A AMIZADE com ela imediatamente. Alguns acharam as imagens inapropriadas ou até pornográficas.
2014-02-13-BethRedDress4.jpg
Quando ouvi isso pela primeira vez, fiquei perplexa. Depois, irada. Mas, na realidade, eu entendo. É assustador. Perturbador. Desconcertante. E talvez alguns de vocês que estão lendo isto agora sintam a mesma coisa. Talvez vocês conheçam alguém que já tenha passado por cirurgias recentes para extirpar um câncer. Talvez o câncer de mama esteja presente em sua família. Talvez já tenha passado da hora de você fazer uma mamografia. Ou, quem sabe, você tenha sentido um caroço no seio recentemente e não quis pensar sobre o assunto. Talvez você simplesmente não queira que fiquem lhe lembrando sobre o câncer de mama. E a coisa mais fácil a fazer neste instante é olhar na outra direção. Virar a cabeça. Desfazer a amizade com a mulher que postou estas imagens chocantes. Eu entendo.
Mas estou pedindo a você que olhe para Beth outra vez.
O câncer de mama é o câncer diagnosticado com mais frequência em mulheres na Austrália e no Reino Unido.
Peço que você olhe para Beth outra vez.
Uma em cada oito mulheres terá câncer de mama em algum momento de sua vida.
Estou pedindo que você olhe outra vez.
2014-02-13-BethRedDress5.jpg
Porque Beth precisa de nosso apoio. Ela não precisa se sentir envergonhada de qualquer maneira por ter feito algo tão corajoso, que exigiu tanta valentia. Por ter feito algo com o intuito de ajudar a salvar vidas.
E tenho uma mensagem para você, Beth: se o fato de você ter feito estas fotos e as compartilhado no Facebook significa que uma vida sequer seja salva, se uma mulher apenas, que seja, vá fazer um exame de mama, fazer uma mamografia ou procurar o médico para falar de um caroço que notou no mês passado, porque você teve a coragem de fazer estas fotos e compartilhá-las com o mundo... bem, você será mais que apenas corajosa. Para mim, você é heroína.
Se você quiser participar do projeto Under The Red Dress, dê uma olhada na página dele no Facebook.
Todas as fotos são de Nadia Mascot.
Este post saiu originalmente no mamamia.com.au.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Sobre o Corpo de uma Mulher

Este texto de Paulo Coelho é genial.
Vale mesmo a pena ler


“Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.
Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra… está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros – é uma questão de proporções, não de medidas.
As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas… . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas… Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza… que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas… mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda… cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos ‘em formol’ nem em spa… viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!”
A beleza é tudo isto.


de Paulo Coelho

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Coração apertadinho

Não sei lidar com isto. Eu sei que tem que ser. Eu sei que ele vai ficar bem. Mas, não podia ser já?! Agora? Acabava o efeito da anestesia e pronto, tinha o rapaz a correr pela casa a brincar com tudo o que meche...
Tem que ficar assim? Está meio dormente, com dores e com aquela coisa no pescoço? Tem o corpo todo frio ��

Ele está assim e eu com o coração apertadinho.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

É assim que me fortifico no corpo e na mente.



É assim, que me faço, desfaço e refaço.
É assim que me fortifico no corpo e na mente.
O exercicio está em mim como um orgão vital.
Nasceu comigo, está em mim e não me pode ser amputado.
Preciso fazer exercicio físico, como preciso beber e comer.

Neste caso é uma aula de Body Combat, mas também corro e faço musculação e Cycling e HIIT e Zumba e algumas modalidades que nem o nome sei e danço (danço muito e muitos estilos, para além do meu próprio :D ), faço exercício no ginásio, em casa, na rua.....
E depois......
Depois também pratico Yôga, mais precisamente Swásthya Yôga que me faz aquietar o corpo e a alma. Embora também me faça levar o corpo ao limite e a mente também, essa “danada” da mente que nos prega tantas partida !!!! aí eu tento controlá-la, aí onde aprendi que NUNCA se deve dizer “eu não consigo”, mas sim “Eu AINDA não consigo”.

E depois enfrento o mundo lá fora, fora de mim, exatamente com a mesma técnica do exercício fisico:
“controlar a respiração, manter a postura correta pra não haver lesões” 

Por: JU (MJsP)

sábado, 3 de janeiro de 2015

Os meus dias preferidos

E estes são os meus dias preferidos, muito frio e muito sol.
Passear pelo parque e sentir....
Sentir na pele o contraste entre o frio do vento e o sol que aquece!
O branco da geada que cobre a verde relva a contrastar com o azul do céu!
Sentir tudo isto,
Sinonia com a natureza!

Não preciso de muito mais para me sentir feliz.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Adeus Facebook....

Pois bem,

Decisão de ano novo, voltar ao meu amado e antiguinho Blog.
Tenho andado a "vaguear pelo facebook e cada vez mais acho aquilo uma perda de tempo.

Entra-se no facebook com um objectivo e somos imediatamente "invadidos" com tanta informação que nos dispersa e de repente confunde-se tudo. Ficção, realidade, piadinhas, indiretas, virus, fotos da amiga da prima do tia da cunhada do vizinho da irmã de uma pessoa que andou na mesma escola do irmão do amiga da tia ..... Efim
Cansei....

De volta ao meu blog publico e por aqui andarei ao meu jeito, ao meu ritmo.

As minhas fotos, as minhas escritas, os meus desabafos, as minhas tretas e enfim... o que me apetecer eu ponho por aqui....
Entretanto ando também por aqui  pelo instagram que sempre é mais simples e menos "invasivo".

E prontos, este será o meu "face"

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão....

O que Distingue um Amigo Verdadeiro Não se pode ter muitos amigos.
Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos.
Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas.
Ou melhor: amigo.
A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta.

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem.

É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.
Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

sábado, 18 de outubro de 2014

Vernáculo

"Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manápulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...
Eleitos, cuidem da oratória..."


"Vernáculo" de António Manuel Ribeiro
(EU subscrevo)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Gosto Tanto.....

Até que eu gosto destes dias de Outono,
Desta chuva lá fora que nos lava cá dentro,
Deste nem frio nem quente que mal se sente!
Deste tempo que nos refresca do calor do verão
E nos vai aquecendo para o frio do Inverno.
Gosto...
Gosto sobretudo deste "sabor" a aconchego que estes dias me fazem sentir!
Gosto tanto...
Tanto.....


@JU_MJSP

sexta-feira, 25 de julho de 2014

FAZER….DESFAZER….REFAZER…..

Desde sempre que um dos meus hobbies preferidos é construir puzzles.
Isso tem-me ajudado imenso a conhecer também as pessoas que com as suas palavras, atitudes, gestos etc….. não deixam de ser um Puzzle para mim.
A partir do momento que alguém entra na minha vida, imediatamente começo a construir um puzzle.
Em mim, é como a lei da “acção-reacção”
E vou juntando as peças a cada dia/momento e o puzzle/pessoa vai-se revelando para mim.
E normalmente a imagem da “caixa” não corresponde ao puzzle que construo.
Por vezes revelam-se puzzles lindos….
Pessoas surpreendentes, lindas e unicas.
Mas o contrário acontece mais vezes.
Que imagem LINDA que vinha a “caixa” !!!!
 E o puzzle no fim é uma desilusão :/
PESSOAS…. enfim,
Não perdem oportunidade de trocar as peças para nos iludirem.
Mas se ficarmos atentos, e pusermos as peças certas, nos sítios certos…. O puzzle fica bem construído e….. o nosso coração bem desiludido…… :(
Resta então desfazer o puzzle….
Guardá-lo na linda caixinha enganadora e guardá-lo.
Sim, guardá-lo porque vale a pena guardar o bom e o mau que nos acontece.
TUDO nos ensina e tudo acontece por alguma razão. Resta-nos tirar uma lição disso…..
APRENDER


 (MJSP)
escrito em 25-07-2012

quinta-feira, 29 de maio de 2014

ADORO

Casa de Campo

Capicua


Quero uma casa no campo como elis regina,
Plantar os discos e os livros ,
E quem sabe uma menina,
Por mim até podem ser mais,
Um amor como os meus pais,
Os dias como os demais,
Sem serem todos iguais.
Casa no campo com a porta sempre aberta para deixar entrar amigos,
Partir à descoberta,
Ter a minha cama grande a colcha predileta e um cão desobediente dorme em cima da coberta.
Quero uma casa completa
com um pedaço de terra,
E com o espaço quero o tempo para adormecer na relva,
Longe da selva de cimento,
Eu acrescento que quero cultivar mais do que mero conhecimento,
Quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher,
Quero uma porta do outro lado da morte,
Ter porte de mulher forte quando a vida me escolher.
Quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
A gomas e sugus,
A doces e sumos,
Cozinhar para quem quer comer,
Comer como sei viver,
Com apetite já disse que não quero emagrecer.
Comer de colher sopa,
Fazer pão,
Estender a roupa,
Eu faço pouco das bocas que me dizem para crescer,
Eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras
carregar com as mãos que uso para escrever.
Casa no campo com lareira e fogo brando,
Que ilumina todo o ano,
O sorriso de quem amo,
Quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
Mas tem de ser de verdade,
Mesmo não tendo morada…
Onde é que aprendeste o que é o infinito ?
Foi na contra-capa de um livro da Anita
Diz-me qual é o teu perfume favorito ?
Pão quente, terra molhada e manjerico
( 2 x )
Anda viver comigo
colamos o nosso umbigo
e não passaremos frio
no nosso lugar distante
Como um filho, como um disco, como um livro, uma ave.


https://www.youtube.com/watch?v=ShP3libCJJs&list=RDShP3libCJJs&index=1

domingo, 25 de maio de 2014

Carta de um cão acorrentado - uma carta emotiva

Querido dono,
 
Consegui que escrevessem esta carta por mim!
Nem sabes a alegria que sinto por poder comunicar contigo!
 
Todos os dias, desde aquele longínquo dia em que me colocaste a corrente no
pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que me venhas visitar e fazer
festinhas como me fazias quando eu era um bebé.
Eu sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes,
mas nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz!
 
Eu sei que fiz algo de errado, senão certamente não me terias colocado aqui.
Desculpa! Não quero ser exigente mas começa a doer ter esta corrente atada
ao meu pescoço...
Às vezes tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muita comichão e
nem consigo coçar! Sinto o seu peso todos os dias... o peso da solidão que me
prende.
 
Tenho vontade de esticar as pernas e correr... e como eu gostava de poder
fazer isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te
como sou rápido a correr e como as trazia rapidamente.
Gostava de poder ver o que tu vês... o mundo lá fora é muito grande? E existem
outros como eu?
 
Às vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento porque sei que assim que
puderes virás dar-me água e comida, sei que fazes o que podes, eu não quero
incomodar, mas sabes, por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia.
Sei que talvez alguém te tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que
é mentira!
 
Nem imaginas quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim.
Nem sabes quanta tristeza e solidão sinto nas longas horas em que não vejo
ninguém.
Nem sabes o medo que por vezes sinto aqui sozinho no inverno, e tenho tanta
vontade de estar perto de ti.
 
Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente no inverno e
um local fresco no verão e uma festa tua no meu velho lombo.
Eu sei que um dia tu irás chegar aqui, tirar-me a corrente e dar-me tudo isto,
até lá eu fico quieto à espera.
 
Só não demores muito meu dono, porque estou a ficar velho e começo a ver e
ouvir mal. Faltam-me forças e não quero ir sem viver um pouco contigo!
 
...Do teu cão!




sexta-feira, 23 de maio de 2014

...

Não vivo presa a ti, assim com tu não vives preso a mim.
Vivemos livres um no outro...

JU
(MJsP)

Dia 143/365

São estas coisas…..simples assim, que me fazem realizar a cada momento que a vida é uma oportunidade única e que é para ser vivida a “plenos pulmões” 
Que é no Agora que devo concentrar todas as minhas energias sem pensar muito no passado e sem me preocupar com o futuro. O que foi, já foi e o que tiver que ser será. 
Há momentos de brilho e magia ao nosso redor todos os dias, aqui mesmo ao alcance de um olhar. Deixar o coração guiar, deixar o coração ver e os olhos começam a brilhar e o corpo e alma a sentir. Num mundo cheio de milagres, não posso desperdiçar estes momentos! 
Ser intensamente consciente do momento presente é a essência de bem viver.   

JU
(MJsP)
 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Dia 135/365

Go slow.... No rush. Allow yourself to wobble, to sway, to shake, to lose your balance... It means your body is going places.
Stretch your limit. Keep your eye on the horizon. Just breath, keep going ....

É assim que tento viver minha vida. No agora, permitindo-me "balançar" e até cair, mas sempre tentando usufruir ao máximo de cada experiencia, compensar e encontrar o equilíbrio entre deixar as minhas raízes livremente firmarem-se ao chão e deixar seus meus ramos crescer selvagens.....
Devagar vou pondo de fora e deixando para trás tudo o que me pesa, bagagens desnecessárias, pessoas negativas.....
Levo a vida com leveza .... cada dia mais leve mais livre mais equilibrada....

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dia 128/365______________ Até já meu amor


E é assim, todos os dias. Ela fica na janela a pedir-me pra não ir.... E eu, mesmo sem querer ir, vou.... 

Tenho que ir (vida de humano!!!)
E ela fica assim a ver-me partir.....
Até já meu amo. <3

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Se o choro daquele bébé pudesse ser traduzido…..

Sento-me numa das poucas mesas vazias na praça de restauração.
Há gente por todo o lado !
E correm de um lado para o outro, como se a hora marcada (para nada em muitos casos) já tivesse passado há muito
Fico a olhar para essas pessoas,
Imagino o que se poderá passar naqueles mundos!
….Uma coca-cola na mão;
….Um tabuleiro vazio;
….Olhares indecisos a “contemplar” cartazes de ementas aparentemente deliciosas;
E ….
Um bebé.
Um bebé num carrinho!!
Na verdade, naquele espaços estavam vários carrinhos de bebé,
mas….
Aquela criança captou a minha atenção por vários minutos.
O bebé chora no carrinho enquanto os pais comem e falam
O bebé continua a chorar,
Os pais abanam um pouco o carrinho,
O bebé acalma o choro,
Os pais continuam a comer e a falar e a olhar em volta,
O bebé volta a chorar em gritos finos e que entoam, mesmo num espaço cheio!!!
Os pais voltam a “abanar mais um pouco o carrinho, quase sem olhar pro mesmo….
Como se ele estivesse vazio !!!
O bebé, do carrinho, acalma de novo o choro…
A cena repete-se em todo o tempo que aquelas pessoas ali estão.
Tive vontade de me aproximar deles,
ou melhor,
Tive vontade de me aproximar do carrinho e pegar ao colo aquela criança!!
Aquele choro !!!!
Aquele choro, apertou-me o coração.
Aquele choro, pareceu-me mais que fome!
Pareceu-me mais que dores, mais que “abanem-me o carrinho”,
Aquele choro….
Era nitidamente um grito….
Um grito que, se traduzido em palavras diria:

”- Papá…. Mamã
Eu não tenho fome e tão pouco quero ser embalado no carrinho.
Papá…. Mamã…. brinca comigo. Pega-me ao colo.
Papá…. Mamã…. EU ESTOU AQUI
Será que vocês não vêem que eu só queria um pouquinho da vossa atenção. “

:’(

JU
MJsP em 16-06-2013

PS. Este texto foi escrito num shopping cheio de gente, um barulho imenso, onde o choro daquela criança se sobrepunha a todo esse barulho. No entanto poucos ouviam a criança a chorar… e pior que tudo, os próprios pais não ouviram!
Chego à triste conclusão de que estou num lugar cheio…
de pessoas “vazias”…..

terça-feira, 29 de abril de 2014

O café ou as mãos?



Pego na chávena de café que está tão quente!
Gosto do café bem quente.
Tenho as mãos frias….
Não gosto de ter as mãos frias.
Aperto a chávena de café entre as mãos, que vão aquecendo.
Bebo o café em golos curtos e pausados.
As mãos aquecem cada vez mais, à medida que o café esfria mais….
Não gosto do café frio, mas….
Fico por breves momentos a comtemplar a chávena, o café e as mãos.
Posso escolher ficar com a chávena de café a aquecer-me as mãos até que o café esfrie completamente,
Ou então,
Beber o café quentinho e continuar com as mãos frias.
Café quente e mãos frias?
E agora?
Hoje optei por beber o café quente.
Fiquei com as mãos frias, mas não vou pensar muito nisso!
Amanhã, perante a mesma situação, talvez me decida de forma diferente, ou talvez amanhã quando for beber café tenha as mãos quentes e nem preciso decidir nada.

Assim é na vida.
Estamos constantemente a decidir, umas vezes coisas muito importantes e outras nem por isso.
Mas todos os dias, a todas as horas temos que tomar decisões.
Mas por vezes a indecisão é tal, que nos vemos tempo demais a “contemplar” o suposto problema e deixamos “o café esfriar”…
E, inertes assim, deixamos a vida passar.

JU
(MJsP)

Agora que não estás aqui…

Agora que não estás aqui…
Agora que não estás aqui… que faço? Como conseguiste transformar a minha vida na tua? Como tiveste o atrevimento de transformar os meus dias nos teus dias…
Choro,
chorei assim que me vi ao espelho hoje de manhã porque sabia que não estavas, que não ias estar….
Talvez seja um vicio, mas o teu cheiro, deixa-me saudades.
A rotina do dia pode ser uma coisa boa, muito boa! Pelo menos quando estamos apaixonados, quando amamos e achamos que os defeitos ficam mais apurados. Agora que não estás aqui, queria fechar os olhos e aconchegar-me nos teus braços enroscada no meu sofá pequeno e incómodo embrulhados numa manta colorida…
Agora que não estás aqui, vou brigar com quem? Vou rir com quem? Vou fazer o quê?
Acredito em ti. Acredito há muito tempo, e agora que não estás aqui, sinto que podiamos andar por ai a vaguear a rir à gargalhada não dos outros, mas um com o outro. A rir da mulher que come muito, do homem que usa calças e gravata cor de rosa, do filme que não tem graça nenhuma, da minha péssima condução, do cheiro das tuas mãos, da teimosia dos dois, dos defeitos de cada um…
Agora que não estás aqui… queria que estivesses! 


em 10-05-2013 por:
JU
(MJSP)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Num só abraço...

Entre um olhar e outro,
Um abraço.
Entre uma palavra e outra,
Um abraço.
Entre um beijo e outro,
Um abraço.
Entre um abraço e outro,
Um abraço.
Entre eu e tu e tu e eu,
Um abraço.
Entre nossos abraços,
Somos corações e braços e um…
Somos um só..
num só abraço.



em Maio 2013 por:
JU
(MJsP)
 

terça-feira, 15 de abril de 2014

A LEI DO MAIS FORTE... EM AMOR!

"Chamo-me Octobo.
Perdi a única batalha da minha vida e morri. Agora já não estou na savana, tornei-me uma lenda e estou em todo o lado.
Esta é a história da minha vida.               
Ser leão é muito simples. Nas vinte e quatro horas do dia, passamos, em média, vinte em ócio, a dormir. As sombras das acácias e dos montículos de térmitas são a nossa cama durante a hora do calor, mas no início da manhã, no fim da tarde e durante a noite, gostamos mesmo é de estar em descampados, de barriga para o céu e patas abertas.                 
Além disso, vivemos num ambiente natural de grande sucesso, onde a erva se recicla numa velocidade estonteante e onde, por isso, existe uma enorme quantidade de herbívoros para nos alimentarmos. Estamos no topo da cadeia alimentar. Somos predadores. Somos reis e é um privilégio reinar na savana.
Apesar de tudo isto nunca me senti orgulhoso por estar no topo, por ter caninos aptos a rasgar carne, nem por ter sangue azul. Se pudesse faltava a todas as aulas de caça que a minha mãe dava. O estrangulamento e a morte por sufocação que ela ensinava, não representava para mim uma forma de vida. Aliás, a morte que necessitava de praticar para o meu próprio sustento, não tinha nascido comigo. Foi na minha infância, em brincadeiras com o meu irmão, que me apercebi que éramos muito diferentes. Ele era muito mais afoito. Tinha um instinto de predador apuradíssimo, desafiava os meus pais, frequentava o curso da minha mãe assiduamente com uma concentração assustadora e, claro, ganhava-me sempre no mano a mano. No regulamento interno do nosso covil, a minha mãe caçava, o meu pai era o primeiro a sentar-se à mesa e a banquetear-se, o meu irmão desfilava, vitoriosamente, em frente à carcaça e eu...bem, eu sentava-me, constrangido, a olhar. Tudo acontecia quando o Sol partia para outro hemisfério. A minha mãe acordava e, automaticamente, um clima de tensão caía do ar e se abatia sobre nós. A cauda dela começava a abanar, o abdómen ficava contraído, os olhos e as orelhas viravam-se para a presa. Do outro lado, avistava-se um predador a rondar. O reflexo era imediato. O cheiro a perigo erguia-lhes rigidamente a cabeça e um medo de morte punha-lhes o corpo trémulo. Uns metros à frente, uns segundos depois, já estava. Jantar na mesa. Eu não era indiferente a este processo de caça. Comia pouco, o mínimo e indispensável. Com a mesma idade, tinha menos um terço do peso meu irmão. Sentia pena das presas. Sentia a sua última respiração resignada e o seu último olhar periférico para a vida numa despedida da casa onde habitaram e da vida libertina que tiveram. Com o pescoço, entre as duas mandíbulas da minha mãe, aceitavam o destino e paravam de lutar. E aí, olhavam mas já não viam, e deixavam-se ir.                                                                                   
Apesar de não ter as brincadeiras normais, nem a mesma atitude, efusiva de contemplação e regozijo pela refeição, não sabia quem estava certo nem se poderia viver na diferença. A resposta veio numa tarde invernosa, na época das chuvas. Acordei num trovejar intenso, com um relâmpago feroz que virou a noite em dia e que confirmou o que já esperava. Estava sozinho. Procurei a minha família durante muitos dias, mas a chuva misturou-se com a terra e a lama apagou as suas pegadas. As urinas perderam o cheiro e, sem território marcado, desnorteei-me. Chorei muito, fiquei ainda mais fraco, entregue, única e exclusivamente, a mim e à sorte. Os meses foram passando e eu fui subsistindo à custa de restos espalhados pela lei do mais forte, que alguns necrófagos desatentos me deixavam.
Mas um dia, percebi que era mais que um leão, que era mais que uma imagem ameaçadora e que tinha coração. Um coração enorme de amor e compaixão. E aí percebi a razão pela qual tinha ficado órfão. Porque jamais poderia sentir o que estava a sentir se tivesse ido sempre às aulas da minha mãe ou celebrado a morte de um ser vivo. Finalmente, percebi o meu instinto quando olhei para aquela cria de Órix. Nunca mais me vou esquecer desse momento. Eu estava rastejado no chão, enquanto ela deambulava sozinha por entre a vegetação. Estava fraca e perdida dos seus progenitores. Ergui-me nas quatro patas e quando lhe olhei nos olhos, senti um ar quente invadir o meu peito, adocicar as minhas feições, empurrar-me as garras para dentro e, gentilmente, soprar-me na sua direcção. Aproximei-me, não corri para ela nem ela fugiu de mim. Aproximei-me ainda mais e ela, sem instinto, deixou-me chegar bem perto. O alarme do seu corpo já tinha disparado mas não tinha reacção. Estava ali com as pernas, ainda desajeitadas, a vacilar sem potência para correr pela vida. Quando estava a menos de uma pata de distância, apercebi-me do seu medo de deixar uma vida que acabara de estrear, do seu sofrimento pelo desaparecimento da mãe e da angústia de estar à minha frente. Lembrei-me da noite em que apenas fiquei eu, da sensação que a morte dá por me poder levar a qualquer instante e de repente senti-me responsável por ela e desejei fazer qualquer coisa em seu benefício. Foi assim que senti que podia ser mais do que aquilo que era. Durante três semanas não tirei os olhos dela. Levava-a a beber água no rio, em sítios onde sabia que não haviam predadores e às horas em que, supostamente, estariam a descansar. Corria com ela para que pudesse criar músculo e mostrava-lhe caminhos secretos, que aprendera nos meses de solidão, que davam acesso a zonas de alguma vegetação para que se pudesse alimentar, ganhar peso e, assim, impor respeito e ter armas para se defender sozinha. Lambia-a, lavava-a, adormecia-a e empurrava-a com o focinho nas alturas em que estava mais cansada. Nessas três semanas, eu fui a sombra protectora da mãe desaparecida, a sabedoria do pai ausente e a amizade do irmão que nunca teve. Eu andava esfomeado, mas tranquilo. Quanto mais me dedicava àquele Órix, melhor me sentia. Até que um dia, num momento de pura exaustão, deitei-me na sombra intermitente de uma acácia, cruzei as patas, encostei a cabeça e perdi-a de vista. Um rugido, de tom mais grave que o trovão que me acordara para o primeiro dia do resto da minha vida, assustou-me o coração e levantou-me bruscamente. Ainda a cambalear, apercebi-me do desaparecimento do Órix. Não o via em lado nenhum e só encontrei o seu cheiro vermelho em algumas gotas de sangue que marcavam um caminho perigoso que tinha de seguir. O trajecto foi curto, tal como os segundos que lhe restavam. Encontrei-o, ainda vivo, com o pescoço entre as maxilas de um macho dominante e a língua de fora. Fiquei escondido, atrás do medo e, inerte, assisti à sua alma partir, juntamente, com alguns destroços do meu coração.                                                           
O tempo ensinou-me a aceitar a realidade. A savana estava certa.
Impera sempre a lei do mais forte. Porém, não deixei de viver da forma que me fazia feliz. Nem conseguia. Assumi que vivia numa savana diferente, criada por mim, onde as leis serviam a todos e a força maior era a que provinha do coração. Desde esse dia em diante, até ao meu último segundo, adoptei mais três crias de Órix e duas Impalas. Uns reencontraram os progenitores, outros desapareceram e outro partiu comigo quando num acto de coragem o tentei defender das garras de dois candidatos a rei de um clã qualquer. Foi a única batalha que perdi. Foi a minha vez de olhar perifericamente para a vida, despedir-me da minha savana e deixar-me ir.
Vivi muito. Andei muitas vezes perdido, sem saber para onde ia, mas fui sempre por amor. E é por isso que hoje os ventos ainda sopram o meu nome. Gerações atrás de gerações sabem quem fui e quem sou.
Sou Octobo, a lenda do Amor." 
in "Os Laços que nos Unem", 2008
(Gustavo Santos)