terça-feira, 29 de abril de 2014

O café ou as mãos?



Pego na chávena de café que está tão quente!
Gosto do café bem quente.
Tenho as mãos frias….
Não gosto de ter as mãos frias.
Aperto a chávena de café entre as mãos, que vão aquecendo.
Bebo o café em golos curtos e pausados.
As mãos aquecem cada vez mais, à medida que o café esfria mais….
Não gosto do café frio, mas….
Fico por breves momentos a comtemplar a chávena, o café e as mãos.
Posso escolher ficar com a chávena de café a aquecer-me as mãos até que o café esfrie completamente,
Ou então,
Beber o café quentinho e continuar com as mãos frias.
Café quente e mãos frias?
E agora?
Hoje optei por beber o café quente.
Fiquei com as mãos frias, mas não vou pensar muito nisso!
Amanhã, perante a mesma situação, talvez me decida de forma diferente, ou talvez amanhã quando for beber café tenha as mãos quentes e nem preciso decidir nada.

Assim é na vida.
Estamos constantemente a decidir, umas vezes coisas muito importantes e outras nem por isso.
Mas todos os dias, a todas as horas temos que tomar decisões.
Mas por vezes a indecisão é tal, que nos vemos tempo demais a “contemplar” o suposto problema e deixamos “o café esfriar”…
E, inertes assim, deixamos a vida passar.

JU
(MJsP)

Agora que não estás aqui…

Agora que não estás aqui…
Agora que não estás aqui… que faço? Como conseguiste transformar a minha vida na tua? Como tiveste o atrevimento de transformar os meus dias nos teus dias…
Choro,
chorei assim que me vi ao espelho hoje de manhã porque sabia que não estavas, que não ias estar….
Talvez seja um vicio, mas o teu cheiro, deixa-me saudades.
A rotina do dia pode ser uma coisa boa, muito boa! Pelo menos quando estamos apaixonados, quando amamos e achamos que os defeitos ficam mais apurados. Agora que não estás aqui, queria fechar os olhos e aconchegar-me nos teus braços enroscada no meu sofá pequeno e incómodo embrulhados numa manta colorida…
Agora que não estás aqui, vou brigar com quem? Vou rir com quem? Vou fazer o quê?
Acredito em ti. Acredito há muito tempo, e agora que não estás aqui, sinto que podiamos andar por ai a vaguear a rir à gargalhada não dos outros, mas um com o outro. A rir da mulher que come muito, do homem que usa calças e gravata cor de rosa, do filme que não tem graça nenhuma, da minha péssima condução, do cheiro das tuas mãos, da teimosia dos dois, dos defeitos de cada um…
Agora que não estás aqui… queria que estivesses! 


em 10-05-2013 por:
JU
(MJSP)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Num só abraço...

Entre um olhar e outro,
Um abraço.
Entre uma palavra e outra,
Um abraço.
Entre um beijo e outro,
Um abraço.
Entre um abraço e outro,
Um abraço.
Entre eu e tu e tu e eu,
Um abraço.
Entre nossos abraços,
Somos corações e braços e um…
Somos um só..
num só abraço.



em Maio 2013 por:
JU
(MJsP)
 

terça-feira, 15 de abril de 2014

A LEI DO MAIS FORTE... EM AMOR!

"Chamo-me Octobo.
Perdi a única batalha da minha vida e morri. Agora já não estou na savana, tornei-me uma lenda e estou em todo o lado.
Esta é a história da minha vida.               
Ser leão é muito simples. Nas vinte e quatro horas do dia, passamos, em média, vinte em ócio, a dormir. As sombras das acácias e dos montículos de térmitas são a nossa cama durante a hora do calor, mas no início da manhã, no fim da tarde e durante a noite, gostamos mesmo é de estar em descampados, de barriga para o céu e patas abertas.                 
Além disso, vivemos num ambiente natural de grande sucesso, onde a erva se recicla numa velocidade estonteante e onde, por isso, existe uma enorme quantidade de herbívoros para nos alimentarmos. Estamos no topo da cadeia alimentar. Somos predadores. Somos reis e é um privilégio reinar na savana.
Apesar de tudo isto nunca me senti orgulhoso por estar no topo, por ter caninos aptos a rasgar carne, nem por ter sangue azul. Se pudesse faltava a todas as aulas de caça que a minha mãe dava. O estrangulamento e a morte por sufocação que ela ensinava, não representava para mim uma forma de vida. Aliás, a morte que necessitava de praticar para o meu próprio sustento, não tinha nascido comigo. Foi na minha infância, em brincadeiras com o meu irmão, que me apercebi que éramos muito diferentes. Ele era muito mais afoito. Tinha um instinto de predador apuradíssimo, desafiava os meus pais, frequentava o curso da minha mãe assiduamente com uma concentração assustadora e, claro, ganhava-me sempre no mano a mano. No regulamento interno do nosso covil, a minha mãe caçava, o meu pai era o primeiro a sentar-se à mesa e a banquetear-se, o meu irmão desfilava, vitoriosamente, em frente à carcaça e eu...bem, eu sentava-me, constrangido, a olhar. Tudo acontecia quando o Sol partia para outro hemisfério. A minha mãe acordava e, automaticamente, um clima de tensão caía do ar e se abatia sobre nós. A cauda dela começava a abanar, o abdómen ficava contraído, os olhos e as orelhas viravam-se para a presa. Do outro lado, avistava-se um predador a rondar. O reflexo era imediato. O cheiro a perigo erguia-lhes rigidamente a cabeça e um medo de morte punha-lhes o corpo trémulo. Uns metros à frente, uns segundos depois, já estava. Jantar na mesa. Eu não era indiferente a este processo de caça. Comia pouco, o mínimo e indispensável. Com a mesma idade, tinha menos um terço do peso meu irmão. Sentia pena das presas. Sentia a sua última respiração resignada e o seu último olhar periférico para a vida numa despedida da casa onde habitaram e da vida libertina que tiveram. Com o pescoço, entre as duas mandíbulas da minha mãe, aceitavam o destino e paravam de lutar. E aí, olhavam mas já não viam, e deixavam-se ir.                                                                                   
Apesar de não ter as brincadeiras normais, nem a mesma atitude, efusiva de contemplação e regozijo pela refeição, não sabia quem estava certo nem se poderia viver na diferença. A resposta veio numa tarde invernosa, na época das chuvas. Acordei num trovejar intenso, com um relâmpago feroz que virou a noite em dia e que confirmou o que já esperava. Estava sozinho. Procurei a minha família durante muitos dias, mas a chuva misturou-se com a terra e a lama apagou as suas pegadas. As urinas perderam o cheiro e, sem território marcado, desnorteei-me. Chorei muito, fiquei ainda mais fraco, entregue, única e exclusivamente, a mim e à sorte. Os meses foram passando e eu fui subsistindo à custa de restos espalhados pela lei do mais forte, que alguns necrófagos desatentos me deixavam.
Mas um dia, percebi que era mais que um leão, que era mais que uma imagem ameaçadora e que tinha coração. Um coração enorme de amor e compaixão. E aí percebi a razão pela qual tinha ficado órfão. Porque jamais poderia sentir o que estava a sentir se tivesse ido sempre às aulas da minha mãe ou celebrado a morte de um ser vivo. Finalmente, percebi o meu instinto quando olhei para aquela cria de Órix. Nunca mais me vou esquecer desse momento. Eu estava rastejado no chão, enquanto ela deambulava sozinha por entre a vegetação. Estava fraca e perdida dos seus progenitores. Ergui-me nas quatro patas e quando lhe olhei nos olhos, senti um ar quente invadir o meu peito, adocicar as minhas feições, empurrar-me as garras para dentro e, gentilmente, soprar-me na sua direcção. Aproximei-me, não corri para ela nem ela fugiu de mim. Aproximei-me ainda mais e ela, sem instinto, deixou-me chegar bem perto. O alarme do seu corpo já tinha disparado mas não tinha reacção. Estava ali com as pernas, ainda desajeitadas, a vacilar sem potência para correr pela vida. Quando estava a menos de uma pata de distância, apercebi-me do seu medo de deixar uma vida que acabara de estrear, do seu sofrimento pelo desaparecimento da mãe e da angústia de estar à minha frente. Lembrei-me da noite em que apenas fiquei eu, da sensação que a morte dá por me poder levar a qualquer instante e de repente senti-me responsável por ela e desejei fazer qualquer coisa em seu benefício. Foi assim que senti que podia ser mais do que aquilo que era. Durante três semanas não tirei os olhos dela. Levava-a a beber água no rio, em sítios onde sabia que não haviam predadores e às horas em que, supostamente, estariam a descansar. Corria com ela para que pudesse criar músculo e mostrava-lhe caminhos secretos, que aprendera nos meses de solidão, que davam acesso a zonas de alguma vegetação para que se pudesse alimentar, ganhar peso e, assim, impor respeito e ter armas para se defender sozinha. Lambia-a, lavava-a, adormecia-a e empurrava-a com o focinho nas alturas em que estava mais cansada. Nessas três semanas, eu fui a sombra protectora da mãe desaparecida, a sabedoria do pai ausente e a amizade do irmão que nunca teve. Eu andava esfomeado, mas tranquilo. Quanto mais me dedicava àquele Órix, melhor me sentia. Até que um dia, num momento de pura exaustão, deitei-me na sombra intermitente de uma acácia, cruzei as patas, encostei a cabeça e perdi-a de vista. Um rugido, de tom mais grave que o trovão que me acordara para o primeiro dia do resto da minha vida, assustou-me o coração e levantou-me bruscamente. Ainda a cambalear, apercebi-me do desaparecimento do Órix. Não o via em lado nenhum e só encontrei o seu cheiro vermelho em algumas gotas de sangue que marcavam um caminho perigoso que tinha de seguir. O trajecto foi curto, tal como os segundos que lhe restavam. Encontrei-o, ainda vivo, com o pescoço entre as maxilas de um macho dominante e a língua de fora. Fiquei escondido, atrás do medo e, inerte, assisti à sua alma partir, juntamente, com alguns destroços do meu coração.                                                           
O tempo ensinou-me a aceitar a realidade. A savana estava certa.
Impera sempre a lei do mais forte. Porém, não deixei de viver da forma que me fazia feliz. Nem conseguia. Assumi que vivia numa savana diferente, criada por mim, onde as leis serviam a todos e a força maior era a que provinha do coração. Desde esse dia em diante, até ao meu último segundo, adoptei mais três crias de Órix e duas Impalas. Uns reencontraram os progenitores, outros desapareceram e outro partiu comigo quando num acto de coragem o tentei defender das garras de dois candidatos a rei de um clã qualquer. Foi a única batalha que perdi. Foi a minha vez de olhar perifericamente para a vida, despedir-me da minha savana e deixar-me ir.
Vivi muito. Andei muitas vezes perdido, sem saber para onde ia, mas fui sempre por amor. E é por isso que hoje os ventos ainda sopram o meu nome. Gerações atrás de gerações sabem quem fui e quem sou.
Sou Octobo, a lenda do Amor." 
in "Os Laços que nos Unem", 2008
(Gustavo Santos)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 8 de abril de 2014

Nem acrediro que morreu :(

Adorava ouvir este senhor falar.

Uma das ultimas coisas com que me ele me tocou, foi com a do "pão com manteiga"
Passo a explicar:
Eu sempre digo que, adoro pão com manteiga e que para mim é uma refeição "gourmet" o meu galão e pão com manteiga e que poderia viver disso :p
Ora, no ultimo programa que ele fez e que era sobre a inteligencia, ele referiu que, uma pessoa inteligente não tem que necessáriamente descobrir coisas e resolver problemas indecifráveis.... para um pessoa inteligente pode ser o suficiente um pão com manteiga pela manhã...."
Bem, quem me conhece sabe o quanto isto me identifica :)

Raramente me "tocam" as mortes de figuras publicas, e este senhor, embora não tão famoso assim, entristeceu-me mesmo. 

E agora ? O que é que, de interessante eu vou ter para ver na televisão?

Ainda nem acredito que morreu :(

segunda-feira, 7 de abril de 2014

quem não dorme por amor não cansa

Eu, que sou uma pessoa que, se não durmo ou se durmo mal uma noite que seja, no dia a seguir "não funciono", passo o dia cansada e à espera da hora de poder por o sono em dia.

Ora, passei a noite toda acordada porque a minha Mariana (minha gata Mariana), tirou dois dentinhos e, coitadinha, devia ter dores e chorou a noite toda.

Chorou ela e eu de coração apertado por não poder fazer muito mais que dar mimos :(

Pensei, "amanhã é que vão ser elas, já estou mesmo a ver a sair directo do trabalho pra casa pra ir dormir"

Mas ..... não!!!
O dia foi normal, no fim do trabalho ainda fui fazer a minha ginástica. 

A Mariana já não chora, acho que está melhor.

Conclusão  "quem não dorme por amor não cansa" :)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Por um dia ....

Perguntares como é que eu estou não e quanto baste
Quereres saber a quem me dou não é quanto baste
E dizeres para ti morri é um estranho contraste
Nada mais te liga a mim tu nunca me amaste

Telefonas para saber como vai a vida
E mais feres sem querer minha alma ferida
E assim rola a minha dor pássaro ferido
Que não esquece o teu amor estranho e proibido

Deixa-me só por um dia
Deixa-me só por um dia
Minha fria companhia
Minha fria companhia

Dizes ser tão actual ficarmos amigos
No teu jeito natural de enfrentar os perigos
Sem saberes que tanto em mim ainda arde a chama
Que não perde o seu fulgor que ainda te ama



Dia 094/365

"Collect memories. Not things"

Tell your loved ones just how much they mean to you. Do it now. Call them up, write them, tell them in person, write them a letter, shout it from the roof tops. Tell them how much you love them and how important they are and appreciate them with every fiber of your being. You never know what tomorrow will bring and one day you might wake up to a world that doesn't give you the option to look them in the eyes anymore. To hug them. Touch them. Talk to them.

So don't wait. Tell them. Share your love because life is short and sometimes even shorter than you could have ever imagined.

(Yogagirl)