quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão....

O que Distingue um Amigo Verdadeiro Não se pode ter muitos amigos.
Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos.
Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas.
Ou melhor: amigo.
A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta.

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem.

É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.
Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

sábado, 18 de outubro de 2014

Vernáculo

"Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manápulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...
Eleitos, cuidem da oratória..."


"Vernáculo" de António Manuel Ribeiro
(EU subscrevo)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Gosto Tanto.....

Até que eu gosto destes dias de Outono,
Desta chuva lá fora que nos lava cá dentro,
Deste nem frio nem quente que mal se sente!
Deste tempo que nos refresca do calor do verão
E nos vai aquecendo para o frio do Inverno.
Gosto...
Gosto sobretudo deste "sabor" a aconchego que estes dias me fazem sentir!
Gosto tanto...
Tanto.....


@JU_MJSP

sexta-feira, 25 de julho de 2014

FAZER….DESFAZER….REFAZER…..

Desde sempre que um dos meus hobbies preferidos é construir puzzles.
Isso tem-me ajudado imenso a conhecer também as pessoas que com as suas palavras, atitudes, gestos etc….. não deixam de ser um Puzzle para mim.
A partir do momento que alguém entra na minha vida, imediatamente começo a construir um puzzle.
Em mim, é como a lei da “acção-reacção”
E vou juntando as peças a cada dia/momento e o puzzle/pessoa vai-se revelando para mim.
E normalmente a imagem da “caixa” não corresponde ao puzzle que construo.
Por vezes revelam-se puzzles lindos….
Pessoas surpreendentes, lindas e unicas.
Mas o contrário acontece mais vezes.
Que imagem LINDA que vinha a “caixa” !!!!
 E o puzzle no fim é uma desilusão :/
PESSOAS…. enfim,
Não perdem oportunidade de trocar as peças para nos iludirem.
Mas se ficarmos atentos, e pusermos as peças certas, nos sítios certos…. O puzzle fica bem construído e….. o nosso coração bem desiludido…… :(
Resta então desfazer o puzzle….
Guardá-lo na linda caixinha enganadora e guardá-lo.
Sim, guardá-lo porque vale a pena guardar o bom e o mau que nos acontece.
TUDO nos ensina e tudo acontece por alguma razão. Resta-nos tirar uma lição disso…..
APRENDER


 (MJSP)
escrito em 25-07-2012

quinta-feira, 29 de maio de 2014

ADORO

Casa de Campo

Capicua


Quero uma casa no campo como elis regina,
Plantar os discos e os livros ,
E quem sabe uma menina,
Por mim até podem ser mais,
Um amor como os meus pais,
Os dias como os demais,
Sem serem todos iguais.
Casa no campo com a porta sempre aberta para deixar entrar amigos,
Partir à descoberta,
Ter a minha cama grande a colcha predileta e um cão desobediente dorme em cima da coberta.
Quero uma casa completa
com um pedaço de terra,
E com o espaço quero o tempo para adormecer na relva,
Longe da selva de cimento,
Eu acrescento que quero cultivar mais do que mero conhecimento,
Quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher,
Quero uma porta do outro lado da morte,
Ter porte de mulher forte quando a vida me escolher.
Quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
A gomas e sugus,
A doces e sumos,
Cozinhar para quem quer comer,
Comer como sei viver,
Com apetite já disse que não quero emagrecer.
Comer de colher sopa,
Fazer pão,
Estender a roupa,
Eu faço pouco das bocas que me dizem para crescer,
Eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras
carregar com as mãos que uso para escrever.
Casa no campo com lareira e fogo brando,
Que ilumina todo o ano,
O sorriso de quem amo,
Quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
Mas tem de ser de verdade,
Mesmo não tendo morada…
Onde é que aprendeste o que é o infinito ?
Foi na contra-capa de um livro da Anita
Diz-me qual é o teu perfume favorito ?
Pão quente, terra molhada e manjerico
( 2 x )
Anda viver comigo
colamos o nosso umbigo
e não passaremos frio
no nosso lugar distante
Como um filho, como um disco, como um livro, uma ave.


https://www.youtube.com/watch?v=ShP3libCJJs&list=RDShP3libCJJs&index=1

domingo, 25 de maio de 2014

Carta de um cão acorrentado - uma carta emotiva

Querido dono,
 
Consegui que escrevessem esta carta por mim!
Nem sabes a alegria que sinto por poder comunicar contigo!
 
Todos os dias, desde aquele longínquo dia em que me colocaste a corrente no
pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que me venhas visitar e fazer
festinhas como me fazias quando eu era um bebé.
Eu sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes,
mas nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz!
 
Eu sei que fiz algo de errado, senão certamente não me terias colocado aqui.
Desculpa! Não quero ser exigente mas começa a doer ter esta corrente atada
ao meu pescoço...
Às vezes tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muita comichão e
nem consigo coçar! Sinto o seu peso todos os dias... o peso da solidão que me
prende.
 
Tenho vontade de esticar as pernas e correr... e como eu gostava de poder
fazer isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te
como sou rápido a correr e como as trazia rapidamente.
Gostava de poder ver o que tu vês... o mundo lá fora é muito grande? E existem
outros como eu?
 
Às vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento porque sei que assim que
puderes virás dar-me água e comida, sei que fazes o que podes, eu não quero
incomodar, mas sabes, por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia.
Sei que talvez alguém te tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que
é mentira!
 
Nem imaginas quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim.
Nem sabes quanta tristeza e solidão sinto nas longas horas em que não vejo
ninguém.
Nem sabes o medo que por vezes sinto aqui sozinho no inverno, e tenho tanta
vontade de estar perto de ti.
 
Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente no inverno e
um local fresco no verão e uma festa tua no meu velho lombo.
Eu sei que um dia tu irás chegar aqui, tirar-me a corrente e dar-me tudo isto,
até lá eu fico quieto à espera.
 
Só não demores muito meu dono, porque estou a ficar velho e começo a ver e
ouvir mal. Faltam-me forças e não quero ir sem viver um pouco contigo!
 
...Do teu cão!




sexta-feira, 23 de maio de 2014

...

Não vivo presa a ti, assim com tu não vives preso a mim.
Vivemos livres um no outro...

JU
(MJsP)

Dia 143/365

São estas coisas…..simples assim, que me fazem realizar a cada momento que a vida é uma oportunidade única e que é para ser vivida a “plenos pulmões” 
Que é no Agora que devo concentrar todas as minhas energias sem pensar muito no passado e sem me preocupar com o futuro. O que foi, já foi e o que tiver que ser será. 
Há momentos de brilho e magia ao nosso redor todos os dias, aqui mesmo ao alcance de um olhar. Deixar o coração guiar, deixar o coração ver e os olhos começam a brilhar e o corpo e alma a sentir. Num mundo cheio de milagres, não posso desperdiçar estes momentos! 
Ser intensamente consciente do momento presente é a essência de bem viver.   

JU
(MJsP)
 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Dia 135/365

Go slow.... No rush. Allow yourself to wobble, to sway, to shake, to lose your balance... It means your body is going places.
Stretch your limit. Keep your eye on the horizon. Just breath, keep going ....

É assim que tento viver minha vida. No agora, permitindo-me "balançar" e até cair, mas sempre tentando usufruir ao máximo de cada experiencia, compensar e encontrar o equilíbrio entre deixar as minhas raízes livremente firmarem-se ao chão e deixar seus meus ramos crescer selvagens.....
Devagar vou pondo de fora e deixando para trás tudo o que me pesa, bagagens desnecessárias, pessoas negativas.....
Levo a vida com leveza .... cada dia mais leve mais livre mais equilibrada....

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dia 128/365______________ Até já meu amor


E é assim, todos os dias. Ela fica na janela a pedir-me pra não ir.... E eu, mesmo sem querer ir, vou.... 

Tenho que ir (vida de humano!!!)
E ela fica assim a ver-me partir.....
Até já meu amo. <3

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Se o choro daquele bébé pudesse ser traduzido…..

Sento-me numa das poucas mesas vazias na praça de restauração.
Há gente por todo o lado !
E correm de um lado para o outro, como se a hora marcada (para nada em muitos casos) já tivesse passado há muito
Fico a olhar para essas pessoas,
Imagino o que se poderá passar naqueles mundos!
….Uma coca-cola na mão;
….Um tabuleiro vazio;
….Olhares indecisos a “contemplar” cartazes de ementas aparentemente deliciosas;
E ….
Um bebé.
Um bebé num carrinho!!
Na verdade, naquele espaços estavam vários carrinhos de bebé,
mas….
Aquela criança captou a minha atenção por vários minutos.
O bebé chora no carrinho enquanto os pais comem e falam
O bebé continua a chorar,
Os pais abanam um pouco o carrinho,
O bebé acalma o choro,
Os pais continuam a comer e a falar e a olhar em volta,
O bebé volta a chorar em gritos finos e que entoam, mesmo num espaço cheio!!!
Os pais voltam a “abanar mais um pouco o carrinho, quase sem olhar pro mesmo….
Como se ele estivesse vazio !!!
O bebé, do carrinho, acalma de novo o choro…
A cena repete-se em todo o tempo que aquelas pessoas ali estão.
Tive vontade de me aproximar deles,
ou melhor,
Tive vontade de me aproximar do carrinho e pegar ao colo aquela criança!!
Aquele choro !!!!
Aquele choro, apertou-me o coração.
Aquele choro, pareceu-me mais que fome!
Pareceu-me mais que dores, mais que “abanem-me o carrinho”,
Aquele choro….
Era nitidamente um grito….
Um grito que, se traduzido em palavras diria:

”- Papá…. Mamã
Eu não tenho fome e tão pouco quero ser embalado no carrinho.
Papá…. Mamã…. brinca comigo. Pega-me ao colo.
Papá…. Mamã…. EU ESTOU AQUI
Será que vocês não vêem que eu só queria um pouquinho da vossa atenção. “

:’(

JU
MJsP em 16-06-2013

PS. Este texto foi escrito num shopping cheio de gente, um barulho imenso, onde o choro daquela criança se sobrepunha a todo esse barulho. No entanto poucos ouviam a criança a chorar… e pior que tudo, os próprios pais não ouviram!
Chego à triste conclusão de que estou num lugar cheio…
de pessoas “vazias”…..

terça-feira, 29 de abril de 2014

O café ou as mãos?



Pego na chávena de café que está tão quente!
Gosto do café bem quente.
Tenho as mãos frias….
Não gosto de ter as mãos frias.
Aperto a chávena de café entre as mãos, que vão aquecendo.
Bebo o café em golos curtos e pausados.
As mãos aquecem cada vez mais, à medida que o café esfria mais….
Não gosto do café frio, mas….
Fico por breves momentos a comtemplar a chávena, o café e as mãos.
Posso escolher ficar com a chávena de café a aquecer-me as mãos até que o café esfrie completamente,
Ou então,
Beber o café quentinho e continuar com as mãos frias.
Café quente e mãos frias?
E agora?
Hoje optei por beber o café quente.
Fiquei com as mãos frias, mas não vou pensar muito nisso!
Amanhã, perante a mesma situação, talvez me decida de forma diferente, ou talvez amanhã quando for beber café tenha as mãos quentes e nem preciso decidir nada.

Assim é na vida.
Estamos constantemente a decidir, umas vezes coisas muito importantes e outras nem por isso.
Mas todos os dias, a todas as horas temos que tomar decisões.
Mas por vezes a indecisão é tal, que nos vemos tempo demais a “contemplar” o suposto problema e deixamos “o café esfriar”…
E, inertes assim, deixamos a vida passar.

JU
(MJsP)

Agora que não estás aqui…

Agora que não estás aqui…
Agora que não estás aqui… que faço? Como conseguiste transformar a minha vida na tua? Como tiveste o atrevimento de transformar os meus dias nos teus dias…
Choro,
chorei assim que me vi ao espelho hoje de manhã porque sabia que não estavas, que não ias estar….
Talvez seja um vicio, mas o teu cheiro, deixa-me saudades.
A rotina do dia pode ser uma coisa boa, muito boa! Pelo menos quando estamos apaixonados, quando amamos e achamos que os defeitos ficam mais apurados. Agora que não estás aqui, queria fechar os olhos e aconchegar-me nos teus braços enroscada no meu sofá pequeno e incómodo embrulhados numa manta colorida…
Agora que não estás aqui, vou brigar com quem? Vou rir com quem? Vou fazer o quê?
Acredito em ti. Acredito há muito tempo, e agora que não estás aqui, sinto que podiamos andar por ai a vaguear a rir à gargalhada não dos outros, mas um com o outro. A rir da mulher que come muito, do homem que usa calças e gravata cor de rosa, do filme que não tem graça nenhuma, da minha péssima condução, do cheiro das tuas mãos, da teimosia dos dois, dos defeitos de cada um…
Agora que não estás aqui… queria que estivesses! 


em 10-05-2013 por:
JU
(MJSP)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Num só abraço...

Entre um olhar e outro,
Um abraço.
Entre uma palavra e outra,
Um abraço.
Entre um beijo e outro,
Um abraço.
Entre um abraço e outro,
Um abraço.
Entre eu e tu e tu e eu,
Um abraço.
Entre nossos abraços,
Somos corações e braços e um…
Somos um só..
num só abraço.



em Maio 2013 por:
JU
(MJsP)
 

terça-feira, 15 de abril de 2014

A LEI DO MAIS FORTE... EM AMOR!

"Chamo-me Octobo.
Perdi a única batalha da minha vida e morri. Agora já não estou na savana, tornei-me uma lenda e estou em todo o lado.
Esta é a história da minha vida.               
Ser leão é muito simples. Nas vinte e quatro horas do dia, passamos, em média, vinte em ócio, a dormir. As sombras das acácias e dos montículos de térmitas são a nossa cama durante a hora do calor, mas no início da manhã, no fim da tarde e durante a noite, gostamos mesmo é de estar em descampados, de barriga para o céu e patas abertas.                 
Além disso, vivemos num ambiente natural de grande sucesso, onde a erva se recicla numa velocidade estonteante e onde, por isso, existe uma enorme quantidade de herbívoros para nos alimentarmos. Estamos no topo da cadeia alimentar. Somos predadores. Somos reis e é um privilégio reinar na savana.
Apesar de tudo isto nunca me senti orgulhoso por estar no topo, por ter caninos aptos a rasgar carne, nem por ter sangue azul. Se pudesse faltava a todas as aulas de caça que a minha mãe dava. O estrangulamento e a morte por sufocação que ela ensinava, não representava para mim uma forma de vida. Aliás, a morte que necessitava de praticar para o meu próprio sustento, não tinha nascido comigo. Foi na minha infância, em brincadeiras com o meu irmão, que me apercebi que éramos muito diferentes. Ele era muito mais afoito. Tinha um instinto de predador apuradíssimo, desafiava os meus pais, frequentava o curso da minha mãe assiduamente com uma concentração assustadora e, claro, ganhava-me sempre no mano a mano. No regulamento interno do nosso covil, a minha mãe caçava, o meu pai era o primeiro a sentar-se à mesa e a banquetear-se, o meu irmão desfilava, vitoriosamente, em frente à carcaça e eu...bem, eu sentava-me, constrangido, a olhar. Tudo acontecia quando o Sol partia para outro hemisfério. A minha mãe acordava e, automaticamente, um clima de tensão caía do ar e se abatia sobre nós. A cauda dela começava a abanar, o abdómen ficava contraído, os olhos e as orelhas viravam-se para a presa. Do outro lado, avistava-se um predador a rondar. O reflexo era imediato. O cheiro a perigo erguia-lhes rigidamente a cabeça e um medo de morte punha-lhes o corpo trémulo. Uns metros à frente, uns segundos depois, já estava. Jantar na mesa. Eu não era indiferente a este processo de caça. Comia pouco, o mínimo e indispensável. Com a mesma idade, tinha menos um terço do peso meu irmão. Sentia pena das presas. Sentia a sua última respiração resignada e o seu último olhar periférico para a vida numa despedida da casa onde habitaram e da vida libertina que tiveram. Com o pescoço, entre as duas mandíbulas da minha mãe, aceitavam o destino e paravam de lutar. E aí, olhavam mas já não viam, e deixavam-se ir.                                                                                   
Apesar de não ter as brincadeiras normais, nem a mesma atitude, efusiva de contemplação e regozijo pela refeição, não sabia quem estava certo nem se poderia viver na diferença. A resposta veio numa tarde invernosa, na época das chuvas. Acordei num trovejar intenso, com um relâmpago feroz que virou a noite em dia e que confirmou o que já esperava. Estava sozinho. Procurei a minha família durante muitos dias, mas a chuva misturou-se com a terra e a lama apagou as suas pegadas. As urinas perderam o cheiro e, sem território marcado, desnorteei-me. Chorei muito, fiquei ainda mais fraco, entregue, única e exclusivamente, a mim e à sorte. Os meses foram passando e eu fui subsistindo à custa de restos espalhados pela lei do mais forte, que alguns necrófagos desatentos me deixavam.
Mas um dia, percebi que era mais que um leão, que era mais que uma imagem ameaçadora e que tinha coração. Um coração enorme de amor e compaixão. E aí percebi a razão pela qual tinha ficado órfão. Porque jamais poderia sentir o que estava a sentir se tivesse ido sempre às aulas da minha mãe ou celebrado a morte de um ser vivo. Finalmente, percebi o meu instinto quando olhei para aquela cria de Órix. Nunca mais me vou esquecer desse momento. Eu estava rastejado no chão, enquanto ela deambulava sozinha por entre a vegetação. Estava fraca e perdida dos seus progenitores. Ergui-me nas quatro patas e quando lhe olhei nos olhos, senti um ar quente invadir o meu peito, adocicar as minhas feições, empurrar-me as garras para dentro e, gentilmente, soprar-me na sua direcção. Aproximei-me, não corri para ela nem ela fugiu de mim. Aproximei-me ainda mais e ela, sem instinto, deixou-me chegar bem perto. O alarme do seu corpo já tinha disparado mas não tinha reacção. Estava ali com as pernas, ainda desajeitadas, a vacilar sem potência para correr pela vida. Quando estava a menos de uma pata de distância, apercebi-me do seu medo de deixar uma vida que acabara de estrear, do seu sofrimento pelo desaparecimento da mãe e da angústia de estar à minha frente. Lembrei-me da noite em que apenas fiquei eu, da sensação que a morte dá por me poder levar a qualquer instante e de repente senti-me responsável por ela e desejei fazer qualquer coisa em seu benefício. Foi assim que senti que podia ser mais do que aquilo que era. Durante três semanas não tirei os olhos dela. Levava-a a beber água no rio, em sítios onde sabia que não haviam predadores e às horas em que, supostamente, estariam a descansar. Corria com ela para que pudesse criar músculo e mostrava-lhe caminhos secretos, que aprendera nos meses de solidão, que davam acesso a zonas de alguma vegetação para que se pudesse alimentar, ganhar peso e, assim, impor respeito e ter armas para se defender sozinha. Lambia-a, lavava-a, adormecia-a e empurrava-a com o focinho nas alturas em que estava mais cansada. Nessas três semanas, eu fui a sombra protectora da mãe desaparecida, a sabedoria do pai ausente e a amizade do irmão que nunca teve. Eu andava esfomeado, mas tranquilo. Quanto mais me dedicava àquele Órix, melhor me sentia. Até que um dia, num momento de pura exaustão, deitei-me na sombra intermitente de uma acácia, cruzei as patas, encostei a cabeça e perdi-a de vista. Um rugido, de tom mais grave que o trovão que me acordara para o primeiro dia do resto da minha vida, assustou-me o coração e levantou-me bruscamente. Ainda a cambalear, apercebi-me do desaparecimento do Órix. Não o via em lado nenhum e só encontrei o seu cheiro vermelho em algumas gotas de sangue que marcavam um caminho perigoso que tinha de seguir. O trajecto foi curto, tal como os segundos que lhe restavam. Encontrei-o, ainda vivo, com o pescoço entre as maxilas de um macho dominante e a língua de fora. Fiquei escondido, atrás do medo e, inerte, assisti à sua alma partir, juntamente, com alguns destroços do meu coração.                                                           
O tempo ensinou-me a aceitar a realidade. A savana estava certa.
Impera sempre a lei do mais forte. Porém, não deixei de viver da forma que me fazia feliz. Nem conseguia. Assumi que vivia numa savana diferente, criada por mim, onde as leis serviam a todos e a força maior era a que provinha do coração. Desde esse dia em diante, até ao meu último segundo, adoptei mais três crias de Órix e duas Impalas. Uns reencontraram os progenitores, outros desapareceram e outro partiu comigo quando num acto de coragem o tentei defender das garras de dois candidatos a rei de um clã qualquer. Foi a única batalha que perdi. Foi a minha vez de olhar perifericamente para a vida, despedir-me da minha savana e deixar-me ir.
Vivi muito. Andei muitas vezes perdido, sem saber para onde ia, mas fui sempre por amor. E é por isso que hoje os ventos ainda sopram o meu nome. Gerações atrás de gerações sabem quem fui e quem sou.
Sou Octobo, a lenda do Amor." 
in "Os Laços que nos Unem", 2008
(Gustavo Santos)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 8 de abril de 2014

Nem acrediro que morreu :(

Adorava ouvir este senhor falar.

Uma das ultimas coisas com que me ele me tocou, foi com a do "pão com manteiga"
Passo a explicar:
Eu sempre digo que, adoro pão com manteiga e que para mim é uma refeição "gourmet" o meu galão e pão com manteiga e que poderia viver disso :p
Ora, no ultimo programa que ele fez e que era sobre a inteligencia, ele referiu que, uma pessoa inteligente não tem que necessáriamente descobrir coisas e resolver problemas indecifráveis.... para um pessoa inteligente pode ser o suficiente um pão com manteiga pela manhã...."
Bem, quem me conhece sabe o quanto isto me identifica :)

Raramente me "tocam" as mortes de figuras publicas, e este senhor, embora não tão famoso assim, entristeceu-me mesmo. 

E agora ? O que é que, de interessante eu vou ter para ver na televisão?

Ainda nem acredito que morreu :(

segunda-feira, 7 de abril de 2014

quem não dorme por amor não cansa

Eu, que sou uma pessoa que, se não durmo ou se durmo mal uma noite que seja, no dia a seguir "não funciono", passo o dia cansada e à espera da hora de poder por o sono em dia.

Ora, passei a noite toda acordada porque a minha Mariana (minha gata Mariana), tirou dois dentinhos e, coitadinha, devia ter dores e chorou a noite toda.

Chorou ela e eu de coração apertado por não poder fazer muito mais que dar mimos :(

Pensei, "amanhã é que vão ser elas, já estou mesmo a ver a sair directo do trabalho pra casa pra ir dormir"

Mas ..... não!!!
O dia foi normal, no fim do trabalho ainda fui fazer a minha ginástica. 

A Mariana já não chora, acho que está melhor.

Conclusão  "quem não dorme por amor não cansa" :)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Por um dia ....

Perguntares como é que eu estou não e quanto baste
Quereres saber a quem me dou não é quanto baste
E dizeres para ti morri é um estranho contraste
Nada mais te liga a mim tu nunca me amaste

Telefonas para saber como vai a vida
E mais feres sem querer minha alma ferida
E assim rola a minha dor pássaro ferido
Que não esquece o teu amor estranho e proibido

Deixa-me só por um dia
Deixa-me só por um dia
Minha fria companhia
Minha fria companhia

Dizes ser tão actual ficarmos amigos
No teu jeito natural de enfrentar os perigos
Sem saberes que tanto em mim ainda arde a chama
Que não perde o seu fulgor que ainda te ama



Dia 094/365

"Collect memories. Not things"

Tell your loved ones just how much they mean to you. Do it now. Call them up, write them, tell them in person, write them a letter, shout it from the roof tops. Tell them how much you love them and how important they are and appreciate them with every fiber of your being. You never know what tomorrow will bring and one day you might wake up to a world that doesn't give you the option to look them in the eyes anymore. To hug them. Touch them. Talk to them.

So don't wait. Tell them. Share your love because life is short and sometimes even shorter than you could have ever imagined.

(Yogagirl)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Dia 086/365

Parabéns Mãe

Eu sei que tenho um coração que bate em outro corpo que não o meu,
Esse coração nasceu bem antes do meu,
Mas dentro dele já trazia os batimentos do meu.
Nesse coração que me guardou aquecida, e do mundo bem protegida…que vivi 31 anos,
Num cantinho dentro dele, e já crescidinha
Aos 31 anos desse coração eu nasci pra vida
e o meu coração começou a contar do zero…
O dela continuou a contagem e hoje faz 71 anos
Em teus braços fui acalentada com todo o teu amor e dedicação.
Desde o minuto zero……
Meu coração pelo teu, todos os dias é acariciado…
Conhecer-te por fora é só uma forma de te amar ainda mais,
mas o que há de mais profundo vem do teu íntimo Ser…
do teu coração
Amor sincero,sem exagero.
Coração PERFEITO que me ampara a todos os momentos de meu Viver!
É um coração grande que de vez em quando fica pequenino
Um coração que bate em sintonia com o meu
Um coração que só sabe amar e que habita num corpo que só sabe sorrir.
E noutro que de vez em quando também te faz chorar (eu sei)
É um coração Perfeito
È um coração de MÃE
Da minha mãe que hoje faz 71 aninhos
Obrigada???!!! é muito pouco para te agradecer!
Um presente?! Uma mera simbologia.
Estar presente Sim, Sempre
Abraçar-te com todos os meus braços
PARABÉNS Mãe pelo dia e por seres quem és….
Para mim :)

segunda-feira, 24 de março de 2014

Dia 083/365

foi o vento?

...

Ela é as suas atitudes, os seus sentimentos, os seus ideais, as suas convicções…
O que realmente faz valer a pena ela estar viva….
E não há máquinas de filmar ou de fotografar que possam registar as sua gargalhadas, as suas lágrimas, as suas surpresas….
enfim, o que ela sente, o que ela é……
Só irás perceber quando olhares nos seus olhos, ou melhor, além deles…
E se não for para a olhar assim, então não a olhes porque não a vais entender…. não a vais ver.
Não me vais ver….


JU
(MJsP)

 

sábado, 22 de março de 2014

NOT AFRAID ___ a ensaiar



Que contadição!

Estou a ensaiar o "Not afraid" para enfrentar um dos meus maiores "afraid" que é subir a um palco e enfrentar um publico.

Não digo que seja realmente um medo, mas é com ceteza algo que não me é confortável, prefiro fazer todo o trabalho de "Back stage" a estar no "front stage".....

Estar num palco é, claramente, sair da minha zona de conforto. 
E lá vou eu, mais uma vez saltar pro palco pra fazer algo que AMO mas que prefiro fazer e vivenciar fora do palco.

Dia 081/365

sexta-feira, 21 de março de 2014

Saio na próxima saida…..

Não seguimos sempre a estrada que queremos. 
Há situações que nos colocam numa estrada onde não queremos caminhar. 
Sabemos onde ela vai dar, e não é pr’aí que queremos ir. 
Mas…. ainda assim, temos que caminhar na estrada que não queremos, ir pra onde não queremos…. para eventualmente um dia, chegarmos a onde queremos. (e reforço o EVENTUALMENTE)
A estrada da vida!!!!
Será isto a que chamam “a estrada da vida”?
Que estrada ??!! 
Que vida??!!! 
Não quero esta estrada. Saio na próxima saída…. 
vá ela dar onde der. Mas nesta estrada eu não sigo mais. 
Quero vida…. viver….amar….querer….voar…..dançar…correr….sorrir….chorar…. quero tudo a onde a próxima saída me vai levar. 
Vou arriscar na próxima saída, porque ela pode ser a ultima que vou encontrar nesta estrada onde não quero viajar…..

JU
(MJsP)
escrito em Março de 2013

Dia 080/365

quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia 078/365________ Dia do Pai

AMOTE todos os dias Pai

Corri por e para ti hoje esta medalha é tua.

Porque tu és o grande responsável por esta paixão pela corrida que me "corre" no sangue, obrigada Pai.
Porque me treinaste pras corridas e pra vida, obrigada Pai..... OBRIGADA


segunda-feira, 17 de março de 2014

Dia 076/365

#street#art

Tire o pó, se precisar… mas

Não deixe suas panelas brilharem mais do que você!!!!
Não leve a faxina ou o trabalho tão a sério!
Pense que a camada de pó vai proteger a madeira que está por baixo dela!

Uma casa só vai virar um lar quando você for capaz de escrever “Eu te amo” sobre os móveis!
Antigamente eu gastava no mínimo 8 horas por semana para manter tudo bem limpo, caso “alguém aparecesse para visitar” – mas depois descobri que ninguém passa “por acaso” para visitar – todos estão muito ocupados passeando, se divertindo e aproveitando a vida!
E agora, se alguém aparecer de repente?
Não tenho que explicar a situação da minha casa a ninguém…
…as pessoas não estão interessadas em saber o que eu fiquei fazendo o dia todo enquanto elas passeavam, se divertiam e aproveitavam a vida…
Caso você ainda não tenha percebido: A VIDA É CURTA… APROVEITE-A!!!

Tire o pó… se precisar…

Mas não seria melhor pintar um quadro ou escrever uma carta, dar um passeio ou visitar um amigo, assar um bolo e lamber a colher suja de massa, plantar e regar umas sementinhas?
Pese muito bem a diferença entre QUERER e PRECISAR !

Tire o pó… se precisar…

Mas você não terá muito tempo livre…
Para beber champanhe, nadar na praia (ou na piscina), escalar montanhas, brincar com os cachorros, ouvir música e ler livros, cultivar os amigos e aproveitar a vida!!!

Tire o pó… se precisar…

Mas a vida continua lá fora, o sol iluminando os olhos, o vento agitando os cabelos, um floco de neve, as gotas da chuva caindo mansamente….
- Pense bem, este dia não voltará jamais!!!

Tire o pó… se precisar…

mas não se esqueça que você vai envelhecer e muita coisa não será mais tão fácil de fazer como agora…
E quando você partir, como todos nós partiremos um dia, também vai virar pó!!!
Ninguém vai se lembrar de quantas contas você pagou, nem de sua casa tão limpinha, mas vão se lembrar de sua amizade, de sua alegria e do que você ensinou.

AFINAL:

“Não é o que você juntou, e sim o que você espalhou que reflete como você viveu a sua vida.”

(Autor desconhecido )


sábado, 15 de março de 2014

Tão lindo....

Fiz ontem as contas e foram mais de trinta mil os dias em que adormecemos e acordámos juntos, na cama onde agora te escrevo e de onde espero sair para ir de novo até ti. Trinta mil dias a olhar-te dormir, a saber o frio ou o calor do teu corpo, a perceber o que te doía por dentro, a amar cada ruga a mais que ia aparecendo. Trinta mil dias de eu e tu, desta casa que um dia dissemos que seria a nossa (que será de uma casa que nos conhece tão bem quando já aqui não estivermos para a ocupar?), das dificuldades e dos anseios, dos nossos meninos a correr pelo corredor, da saudade de nos sabermos sempre a caminho de sermos só nós. Trinta mil dias em que tudo mudou e nada nos mudou, das tuas lágrimas tão bonitas e tão tristes, das poucas vezes em que a vida nos obrigou a separar (e bastava uma tarde longe de ti para nem a casa nem a vida continuarem iguais). Trinta mil dias, minha velha resmungona e adorável. Eu e tu e o mundo, e todos os velhos que um dia conhecemos já se foram com a velhice. Nós ainda aqui estamos, trinta mil dias depois, juntos como sempre. Juntos para sempre. Trinta mil dias em que desaprendi tanta coisa, meu amor. Menos a amar-te.

Pedro Chagas Freitas "O Livro dos Loucos"


Dia 074/365

#street#art