domingo, 25 de maio de 2014

Carta de um cão acorrentado - uma carta emotiva

Querido dono,
 
Consegui que escrevessem esta carta por mim!
Nem sabes a alegria que sinto por poder comunicar contigo!
 
Todos os dias, desde aquele longínquo dia em que me colocaste a corrente no
pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que me venhas visitar e fazer
festinhas como me fazias quando eu era um bebé.
Eu sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes,
mas nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz!
 
Eu sei que fiz algo de errado, senão certamente não me terias colocado aqui.
Desculpa! Não quero ser exigente mas começa a doer ter esta corrente atada
ao meu pescoço...
Às vezes tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muita comichão e
nem consigo coçar! Sinto o seu peso todos os dias... o peso da solidão que me
prende.
 
Tenho vontade de esticar as pernas e correr... e como eu gostava de poder
fazer isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te
como sou rápido a correr e como as trazia rapidamente.
Gostava de poder ver o que tu vês... o mundo lá fora é muito grande? E existem
outros como eu?
 
Às vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento porque sei que assim que
puderes virás dar-me água e comida, sei que fazes o que podes, eu não quero
incomodar, mas sabes, por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia.
Sei que talvez alguém te tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que
é mentira!
 
Nem imaginas quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim.
Nem sabes quanta tristeza e solidão sinto nas longas horas em que não vejo
ninguém.
Nem sabes o medo que por vezes sinto aqui sozinho no inverno, e tenho tanta
vontade de estar perto de ti.
 
Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente no inverno e
um local fresco no verão e uma festa tua no meu velho lombo.
Eu sei que um dia tu irás chegar aqui, tirar-me a corrente e dar-me tudo isto,
até lá eu fico quieto à espera.
 
Só não demores muito meu dono, porque estou a ficar velho e começo a ver e
ouvir mal. Faltam-me forças e não quero ir sem viver um pouco contigo!
 
...Do teu cão!




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